Formiga arranca as asas para poupar energia e iniciar nova colônia; veja vídeo

Registro raro mostra comportamento que ocorre após voo nupcial de formigas de dois gêneros; maior mobilidade e menor exposição a predadores são outras vantagens Um momento que parece improvável no mundo animal. Uma pequena formiga tanajura ou saúva arranca as próprias asas e sai andando. O registro foi postado por Cleicia Silva em seu perfil nas redes sociais e instigou a curiosidade dos internautas. O comportamento de perda ou remoção das asas observado no vídeo é conhecido como dealation, termo que em português pode ser traduzido como “desalamento” - ou seja, ao processo de perda das asas por fêmeas reprodutivas (rainhas). Ele pode ser visto em formigas dos gêneros Atta e Acromyrmex. “Antes de tudo, é importante esclarecer um equívoco comum: apesar da crença popular de que formigas não possuem asas, isso não é totalmente verdade. O grupo reprodutivo da colônia, composto por machos e fêmeas reprodutores, possui asas”, ressalta o entomólogo Vinicius Marques Lopez, pós-doutor pela Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM). A reprodução das tanajuras ocorre por meio do voo nupcial, um comportamento comum em muitas espécies de formigas. Durante esse voo, machos e fêmeas saem do ninho, voam juntos e acasalam no ar. A remoção das asas não ocorre somente com algumas formigas, mas também em outros insetos, como cupins Yby Naturalista/iNaturalist “Após o acasalamento, os machos geralmente morrem, enquanto as fêmeas pousam no solo, removem suas asas e iniciam a construção do ninho”, conta Vinicius. A remoção das asas marca o início da fundação de uma nova colônia e traz vantagens ao animal. Uma das principais razões para esse comportamento, de acordo com o entomólogo, é a economia de energia por parte do inseto. “Como as asas não são mais necessárias, sua remoção evita um gasto metabólico desnecessário. Além disso, sem as asas, a rainha fica menos vulnerável a predadores e ganha maior mobilidade no solo, facilitando sua busca por um local adequado para o ninho, bem como para a própria construção dele”, diz. Outro fator importante é que, ao perder as asas, os músculos que antes sustentavam o voo são gradualmente reabsorvidos, fornecendo nutrientes essenciais para esse período crítico que é o inicio de uma nova colônia. A remoção das asas evita um gasto metabólico desnecessário Pedro Santos/iNaturalist O especialista explica que este é um comportamento amplamente comum em formigas. Além de ser visto entre elas, o desalamento também é observado em cupins. Após o voo nupcial, os reis e rainhas perdem suas asas e começam a colônia em um local abrigado. “Esse comportamento reforça a visão de que a perda das asas é uma adaptação evolutiva comum em dois grupos de insetos distintos, mas que acabaram enfrentando problemas parecidos”, finaliza Vinicius. VÍDEOS: Destaques Terra da Gente Veja mais conteúdos sobre a natureza no Terra da Gente

Mar 7, 2025 - 14:30
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Formiga arranca as asas para poupar energia e iniciar nova colônia; veja vídeo

Registro raro mostra comportamento que ocorre após voo nupcial de formigas de dois gêneros; maior mobilidade e menor exposição a predadores são outras vantagens Um momento que parece improvável no mundo animal. Uma pequena formiga tanajura ou saúva arranca as próprias asas e sai andando. O registro foi postado por Cleicia Silva em seu perfil nas redes sociais e instigou a curiosidade dos internautas. O comportamento de perda ou remoção das asas observado no vídeo é conhecido como dealation, termo que em português pode ser traduzido como “desalamento” - ou seja, ao processo de perda das asas por fêmeas reprodutivas (rainhas). Ele pode ser visto em formigas dos gêneros Atta e Acromyrmex. “Antes de tudo, é importante esclarecer um equívoco comum: apesar da crença popular de que formigas não possuem asas, isso não é totalmente verdade. O grupo reprodutivo da colônia, composto por machos e fêmeas reprodutores, possui asas”, ressalta o entomólogo Vinicius Marques Lopez, pós-doutor pela Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM). A reprodução das tanajuras ocorre por meio do voo nupcial, um comportamento comum em muitas espécies de formigas. Durante esse voo, machos e fêmeas saem do ninho, voam juntos e acasalam no ar. A remoção das asas não ocorre somente com algumas formigas, mas também em outros insetos, como cupins Yby Naturalista/iNaturalist “Após o acasalamento, os machos geralmente morrem, enquanto as fêmeas pousam no solo, removem suas asas e iniciam a construção do ninho”, conta Vinicius. A remoção das asas marca o início da fundação de uma nova colônia e traz vantagens ao animal. Uma das principais razões para esse comportamento, de acordo com o entomólogo, é a economia de energia por parte do inseto. “Como as asas não são mais necessárias, sua remoção evita um gasto metabólico desnecessário. Além disso, sem as asas, a rainha fica menos vulnerável a predadores e ganha maior mobilidade no solo, facilitando sua busca por um local adequado para o ninho, bem como para a própria construção dele”, diz. Outro fator importante é que, ao perder as asas, os músculos que antes sustentavam o voo são gradualmente reabsorvidos, fornecendo nutrientes essenciais para esse período crítico que é o inicio de uma nova colônia. A remoção das asas evita um gasto metabólico desnecessário Pedro Santos/iNaturalist O especialista explica que este é um comportamento amplamente comum em formigas. Além de ser visto entre elas, o desalamento também é observado em cupins. Após o voo nupcial, os reis e rainhas perdem suas asas e começam a colônia em um local abrigado. “Esse comportamento reforça a visão de que a perda das asas é uma adaptação evolutiva comum em dois grupos de insetos distintos, mas que acabaram enfrentando problemas parecidos”, finaliza Vinicius. VÍDEOS: Destaques Terra da Gente Veja mais conteúdos sobre a natureza no Terra da Gente