Metade das pessoas perderá seus empregos na faixa dos 50 anos e apenas 10% voltarão a fazer o mesmo que antes, diz economista

Debra Whitman afirma que as mudanças demográficas e climáticas vão transformar o planeta, mas continuam sem receber a atenção que merecem Em “The second fifty: answers to the 7 big questions of midlife and beyond” (“Os segundos 50: respostas para sete grandes questões da meia-idade e além dela”, em tradução livre), a economista Debra Whitman monta um roteiro para aproveitar o bônus da longevidade. Curiosamente, o primeiro capítulo se intitula “How long will I live?” (“Quanto tempo eu vou viver?”) porque, como contou em entrevista que acompanhei on-line, não podemos perder de vista que não temos controle sobre o que o futuro nos reserva: Debra Whitman: economista as mudanças demográficas e climáticas vão transformar o planeta, mas continuam sem receber a atenção que merecem Divulgação: Alyssa Randall “Meu marido tem um ótimo condicionamento físico, mas, durante uma caminhada nas montanhas, sentiu fortes dores no peito. Felizmente, pediu ajuda a tempo, e, embora seu coração tenha parado, foi reanimado com sucesso. Isso me fez valorizar ainda mais cada minuto que passamos juntos. O que quero dizer é que eventos inesperados acontecem, mas cada um de nós pode fazer muito para trilhar o caminho da longevidade”. Whitman é diretora-executiva da AARP, associação que reúne dezenas de milhares de aposentados norte-americanos, responsável por monitorar as políticas públicas voltadas para o envelhecimento. Sabe que a situação na qual nos encontraremos aos 60, 70 ou 80 anos está diretamente relacionada a escolhas feitas décadas antes, mas, assim como economistas de ponta como Andrew Scott, enfatiza que o leque de opções é extremamente desigual. “Esse é o peso do código postal na trajetória das pessoas, que determina a qualidade das escolas que frequentamos, do ar que respiramos, das moradias em que vivemos, enfim, coisas que deveriam estar ao alcance de todos”, lamenta. O capítulo sobre finanças – quanto tempo a pessoa vai conseguir trabalhar, se terá dinheiro para bancar as despesas durante a aposentadoria e os gastos com saúde no fim da vida – se traduz numa questão urgente: “Metade das pessoas perderá seus empregos na faixa dos 50 anos e apenas 10% voltarão a fazer o mesmo que antes. Metade da população também não consegue poupar e esses indivíduos não têm a opção de parar. O trabalho na velhice é um desafio que precisa do apoio das empresas, com ambiente acolhedor e flexibilidade, e de políticas públicas de incentivo. É muito positivo para a economia contar com a mão de obra madura, porque só assim o mercado consumidor não encolherá e a economia não sofrerá um revés”. Sobre as mulheres, lembra que são desproporcionalmente vulneráveis, porque vivem mais, ganham menos e sofrem mais discriminação do que os homens por causa da idade, além de serem as cuidadoras familiares. Na sua opinião, o sistema como um todo tem que ser repensado, com a criação de creches e centros para idosos. Em outra frente, defende a necessidade de investimentos que tornem as cidades amigáveis para os mais velhos: não só na saúde, mas também em moradia, transporte e áreas de lazer. “As mudanças demográficas e climáticas vão mudar a cara do planeta, mas continuam sem receber a atenção que merecem”, concluiu.

Nov 21, 2024 - 04:30
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Metade das pessoas perderá seus empregos na faixa dos 50 anos e apenas 10% voltarão a fazer o mesmo que antes, diz economista

Debra Whitman afirma que as mudanças demográficas e climáticas vão transformar o planeta, mas continuam sem receber a atenção que merecem Em “The second fifty: answers to the 7 big questions of midlife and beyond” (“Os segundos 50: respostas para sete grandes questões da meia-idade e além dela”, em tradução livre), a economista Debra Whitman monta um roteiro para aproveitar o bônus da longevidade. Curiosamente, o primeiro capítulo se intitula “How long will I live?” (“Quanto tempo eu vou viver?”) porque, como contou em entrevista que acompanhei on-line, não podemos perder de vista que não temos controle sobre o que o futuro nos reserva: Debra Whitman: economista as mudanças demográficas e climáticas vão transformar o planeta, mas continuam sem receber a atenção que merecem Divulgação: Alyssa Randall “Meu marido tem um ótimo condicionamento físico, mas, durante uma caminhada nas montanhas, sentiu fortes dores no peito. Felizmente, pediu ajuda a tempo, e, embora seu coração tenha parado, foi reanimado com sucesso. Isso me fez valorizar ainda mais cada minuto que passamos juntos. O que quero dizer é que eventos inesperados acontecem, mas cada um de nós pode fazer muito para trilhar o caminho da longevidade”. Whitman é diretora-executiva da AARP, associação que reúne dezenas de milhares de aposentados norte-americanos, responsável por monitorar as políticas públicas voltadas para o envelhecimento. Sabe que a situação na qual nos encontraremos aos 60, 70 ou 80 anos está diretamente relacionada a escolhas feitas décadas antes, mas, assim como economistas de ponta como Andrew Scott, enfatiza que o leque de opções é extremamente desigual. “Esse é o peso do código postal na trajetória das pessoas, que determina a qualidade das escolas que frequentamos, do ar que respiramos, das moradias em que vivemos, enfim, coisas que deveriam estar ao alcance de todos”, lamenta. O capítulo sobre finanças – quanto tempo a pessoa vai conseguir trabalhar, se terá dinheiro para bancar as despesas durante a aposentadoria e os gastos com saúde no fim da vida – se traduz numa questão urgente: “Metade das pessoas perderá seus empregos na faixa dos 50 anos e apenas 10% voltarão a fazer o mesmo que antes. Metade da população também não consegue poupar e esses indivíduos não têm a opção de parar. O trabalho na velhice é um desafio que precisa do apoio das empresas, com ambiente acolhedor e flexibilidade, e de políticas públicas de incentivo. É muito positivo para a economia contar com a mão de obra madura, porque só assim o mercado consumidor não encolherá e a economia não sofrerá um revés”. Sobre as mulheres, lembra que são desproporcionalmente vulneráveis, porque vivem mais, ganham menos e sofrem mais discriminação do que os homens por causa da idade, além de serem as cuidadoras familiares. Na sua opinião, o sistema como um todo tem que ser repensado, com a criação de creches e centros para idosos. Em outra frente, defende a necessidade de investimentos que tornem as cidades amigáveis para os mais velhos: não só na saúde, mas também em moradia, transporte e áreas de lazer. “As mudanças demográficas e climáticas vão mudar a cara do planeta, mas continuam sem receber a atenção que merecem”, concluiu.