Motorista de carreta envolvido em acidente que matou 39 pessoas na BR-116 vira réu e vai a júri popular

Justiça também aceitou denúncia contra dono de empresa de transportes. Batida aconteceu em 21 de dezembro de 2024, na altura de Teófilo Otoni, em Minas Gerais. Acidente entre três veículos deixa 39 mortos na BR-116 em MG A Justiça de Minas Gerais tornou réu Arilton Bastos Alves, motorista da carreta envolvida na batida que matou 39 pessoas na BR-116, em Teófilo Otoni (MG), no ano passado. Com a decisão, ele teve a prisão preventiva mantida e será levado a júri popular por homicídio qualificado. O juiz Danilo de Mello Ferraz também aceitou a denúncia contra Hudson Foca, dono da empresa responsável pela carga de quartzito transportada pelo carreteiro, pelo mesmo crime, além de falsidade ideológica. Hudson também será levado a júri popular. O g1 entrou em contato com a defesa dos acusados para um posicionamento, mas não obteve resposta até a última atualização dessa reportagem. "A imputação, de acordo com o Ministério Público, não decorre pelo simples fatos de ser titular/proprietário da empresa, mas, sim, pelo fato ter contribuído decisivamente para a inserção de dados falsos no 'Manifesto de Carga', possibilitando que a carreta transitasse com carga superior a permitida, contribuindo para o desfecho do evento", afirmou o magistrado. O acidente ocorreu na madrugada de 21 de dezembro de 2024 e envolveu a carreta carregada com rochas, um ônibus de turismo e um carro. A hipótese levantada pelas investigações é de que um dos blocos de pedra tenha se desprendido do reboque e colidido no coletivo, com 45 passageiros. Apenas seis sobreviveram (leia mais abaixo). Arilton Bastos Alves fugiu do local e se apresentou à polícia dois dias depois, mas foi liberado. A polícia prendeu ele novamente em 21 de janeiro deste ano. Exames identificaram ainda que o carreteiro estava sob efeito de substâncias ilícitas, como cocaína, álcool e ecstasy. Denúncia Os dois homens foram denunciados pelo Ministério Público, no último 10 de março, por homicídio qualificado das 39 pessoas e tentativa de homicídio contra outras 11 vítimas. A promotoria ainda denunciou o motorista da carreta por ter deixado de prestar apoio às vítimas e se afastado do local para fugir das responsabilidades penal e civil decorrentes do acidente. Já o proprietário da empresa também será julgado por falsidade ideológica, devido à inserção de dados falsos para burlar possíveis fiscalizações na carga, conforme apontou a Polícia Civil. Acidente na BR-116 em Teófilo Otoni Arte/g1 O acidente A batida envolveu um ônibus de viagem, uma carreta e um carro, na madrugada do dia 21 de dezembro do ano passado, no km 285 da BR-116, em Lajinha, distrito de Teófilo Otoni. O acidente aconteceu às 3h30. O ônibus da empresa Emtram saiu de São Paulo na manhã do dia 20 e tinha como destino a Bahia. No momento do acidente, a carreta levava dois blocos de quartzito, com peso total superior a 68 toneladas. Considerando o peso do próprio veículo e dos dois semirreboques, eram 91,2 toneladas, quase o dobro do permitido pela legislação de trânsito. A hipótese levantada pelas investigações é de que uma das pedras tenha se desprendido do reboque e batido no ônibus de turismo. "Essa pedra de granito entra como um tanque de guerra nesse ônibus, causando essa explosão e esse evento trágico na BR-116", explicou o delegado regional de Teófilo Otoni, Amaury Tomaz de Albuquerque. As investigações também apontaram que a carreta estava transitando com excesso de velocidade – no momento do acidente, o veículo estava a 90 km/h, enquanto o limite da via são 80 km/h. O material biológico de Arilton Bastos Alves foi coletado no dia 23 de dezembro, dois dias depois do acidente, quando o caminhoneiro se apresentou à polícia. Após a batida, ele tinha fugido do local. "Foram identificadas substâncias lícitas e ilícitas na urina do condutor, e essas substâncias foram inclusive quantificadas, o que permitiu indicar de forma técnica e precisa que, no momento dos fatos, o condutor possuía em seu corpo tais substâncias", afirmou o superintendente de Polícia Técnico-Científica da PCMG, Thales Bittencourt. Os exames toxicológicos indicaram que o condutor havia feito uso de cocaína, ecstasy e álcool. Acidente entre 3 veículos na BR-116 causa mortes e deixa feridos Reprodução/Jornal Nacional Os vídeos mais vistos do g1 Minas:

Mar 21, 2025 - 12:00
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Motorista de carreta envolvido em acidente que matou 39 pessoas na BR-116 vira réu e vai a júri popular

Justiça também aceitou denúncia contra dono de empresa de transportes. Batida aconteceu em 21 de dezembro de 2024, na altura de Teófilo Otoni, em Minas Gerais. Acidente entre três veículos deixa 39 mortos na BR-116 em MG A Justiça de Minas Gerais tornou réu Arilton Bastos Alves, motorista da carreta envolvida na batida que matou 39 pessoas na BR-116, em Teófilo Otoni (MG), no ano passado. Com a decisão, ele teve a prisão preventiva mantida e será levado a júri popular por homicídio qualificado. O juiz Danilo de Mello Ferraz também aceitou a denúncia contra Hudson Foca, dono da empresa responsável pela carga de quartzito transportada pelo carreteiro, pelo mesmo crime, além de falsidade ideológica. Hudson também será levado a júri popular. O g1 entrou em contato com a defesa dos acusados para um posicionamento, mas não obteve resposta até a última atualização dessa reportagem. "A imputação, de acordo com o Ministério Público, não decorre pelo simples fatos de ser titular/proprietário da empresa, mas, sim, pelo fato ter contribuído decisivamente para a inserção de dados falsos no 'Manifesto de Carga', possibilitando que a carreta transitasse com carga superior a permitida, contribuindo para o desfecho do evento", afirmou o magistrado. O acidente ocorreu na madrugada de 21 de dezembro de 2024 e envolveu a carreta carregada com rochas, um ônibus de turismo e um carro. A hipótese levantada pelas investigações é de que um dos blocos de pedra tenha se desprendido do reboque e colidido no coletivo, com 45 passageiros. Apenas seis sobreviveram (leia mais abaixo). Arilton Bastos Alves fugiu do local e se apresentou à polícia dois dias depois, mas foi liberado. A polícia prendeu ele novamente em 21 de janeiro deste ano. Exames identificaram ainda que o carreteiro estava sob efeito de substâncias ilícitas, como cocaína, álcool e ecstasy. Denúncia Os dois homens foram denunciados pelo Ministério Público, no último 10 de março, por homicídio qualificado das 39 pessoas e tentativa de homicídio contra outras 11 vítimas. A promotoria ainda denunciou o motorista da carreta por ter deixado de prestar apoio às vítimas e se afastado do local para fugir das responsabilidades penal e civil decorrentes do acidente. Já o proprietário da empresa também será julgado por falsidade ideológica, devido à inserção de dados falsos para burlar possíveis fiscalizações na carga, conforme apontou a Polícia Civil. Acidente na BR-116 em Teófilo Otoni Arte/g1 O acidente A batida envolveu um ônibus de viagem, uma carreta e um carro, na madrugada do dia 21 de dezembro do ano passado, no km 285 da BR-116, em Lajinha, distrito de Teófilo Otoni. O acidente aconteceu às 3h30. O ônibus da empresa Emtram saiu de São Paulo na manhã do dia 20 e tinha como destino a Bahia. No momento do acidente, a carreta levava dois blocos de quartzito, com peso total superior a 68 toneladas. Considerando o peso do próprio veículo e dos dois semirreboques, eram 91,2 toneladas, quase o dobro do permitido pela legislação de trânsito. A hipótese levantada pelas investigações é de que uma das pedras tenha se desprendido do reboque e batido no ônibus de turismo. "Essa pedra de granito entra como um tanque de guerra nesse ônibus, causando essa explosão e esse evento trágico na BR-116", explicou o delegado regional de Teófilo Otoni, Amaury Tomaz de Albuquerque. As investigações também apontaram que a carreta estava transitando com excesso de velocidade – no momento do acidente, o veículo estava a 90 km/h, enquanto o limite da via são 80 km/h. O material biológico de Arilton Bastos Alves foi coletado no dia 23 de dezembro, dois dias depois do acidente, quando o caminhoneiro se apresentou à polícia. Após a batida, ele tinha fugido do local. "Foram identificadas substâncias lícitas e ilícitas na urina do condutor, e essas substâncias foram inclusive quantificadas, o que permitiu indicar de forma técnica e precisa que, no momento dos fatos, o condutor possuía em seu corpo tais substâncias", afirmou o superintendente de Polícia Técnico-Científica da PCMG, Thales Bittencourt. Os exames toxicológicos indicaram que o condutor havia feito uso de cocaína, ecstasy e álcool. Acidente entre 3 veículos na BR-116 causa mortes e deixa feridos Reprodução/Jornal Nacional Os vídeos mais vistos do g1 Minas: