Precisa de um recomeço? Seja um 'cientista de si mesmo', propõe coach
'Depois de uma perda, entramos numa zona neutra: a situação anterior não existe mais, mas ainda não estamos vivenciando o novo. Pode ser um período de angústia', ensina Lynette Reiling. Há duas semanas, assisti a uma palestra da coach Lynette Reiling, autora de “Your encore life: take center stage for life´s second half”. Como “encore life” é uma expressão que se refere à ideia de encontrar um propósito, especialmente depois da aposentadoria, em português seria algo como “Sua nova vida: ocupe o centro do palco na segunda metade da sua existência”. Lynette Reiling: “toda transição começa com um fim. É nessa zona neutra que vamos deixar o antigo para trás e abraçar o novo” Divulgação “Aos 50 anos, temos mais 30, 40, até 50 anos pela frente. Como ter uma vida melhor quando se vive tanto?”, pergunta Reiling, sugerindo que todos se concedam uma segunda chance para explorar interesses, desenvolver talentos e viver paixões que podem ter sido abandonados quando a pessoa estava focada em sua trajetória profissional. Ela toma emprestado o modelo de transição desenvolvido por William Bridges, composto por fim, zona neutra e novo começo. “Toda transição se inicia com um fim. É nessa zona neutra que vamos deixar o antigo para trás e abraçar o novo”, ensina. Realmente, a partir da meia-idade, não faltam “encerramentos”: a aposentadoria que remove o sobrenome corporativo e restringe o círculo profissional; o término de um casamento; a morte de pais e amigos; a atribuição de se tornar cuidador de um familiar. “Depois do sentimento de perda e luto, entramos numa zona neutra na qual a situação anterior não existe mais, mas ainda não estamos vivenciando o novo, ele não está operacional. É um momento crucial para realinharmos expectativas e planos. Pode ser um período fluido, de angústia, mas também é o canteiro de sementes do que está por vir”, explica a autora, que acrescenta: “recomeços são marcados pelo fluxo de energia numa nova direção”. A forma como lidamos com as circunstâncias é única. Paula Getz, uma das participantes do seminário, contou que, em 2024, enfrentou um divórcio em agosto, e a morte do irmão, em dezembro. “As pessoas à minha volta queriam me ‘consertar’, me falavam para superar as perdas, mas eu precisava viver o luto”, lembrou. Reiling afirma que há indivíduos que seguem em frente até abruptamente, sem querer pensar muito sobre o que aconteceu, negando ou minimizando a extensão do impacto. Há quem tenha um comportamento meio errático, com altos e baixos; e aqueles que se organizam e montam estratégias. “O importante é ter uma dose extra de autocompaixão”, diz. A coach aconselha que sejamos “cientistas de nós mesmos”. Como funciona? “Não se apresse, nem se deixe contaminar pela pressão dos outros. Na verdade, essa é a hora de impor limites e dar prioridade ao autocuidado. Às vezes leva tempo para acharmos a fórmula certa que nos serve”. No livro, indica os quatro pilares para iniciar uma nova fase: Intenção: crie uma visão do que pode ser sua próxima etapa, para ter uma direção. Criatividade: não permita que aquela “voz interna”, que está sempre nos julgando, barre o surgimento de ideias e possibilidades nunca antes imaginadas. Resiliência: desenvolva sua capacidade de manter o equilíbrio diante de condições adversas. Autocompaixão: é o centro, o coração de tudo – o bem-estar emocional é fundamental. Veja também: Ginástica para o cérebro: tarefas de memória, atenção e resolução de problemas melhoram a cognição em idosos Ginástica para o cérebro: tarefas de memória, atenção e resolução de problemas melhoram a cognição em idosos
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'Depois de uma perda, entramos numa zona neutra: a situação anterior não existe mais, mas ainda não estamos vivenciando o novo. Pode ser um período de angústia', ensina Lynette Reiling. Há duas semanas, assisti a uma palestra da coach Lynette Reiling, autora de “Your encore life: take center stage for life´s second half”. Como “encore life” é uma expressão que se refere à ideia de encontrar um propósito, especialmente depois da aposentadoria, em português seria algo como “Sua nova vida: ocupe o centro do palco na segunda metade da sua existência”. Lynette Reiling: “toda transição começa com um fim. É nessa zona neutra que vamos deixar o antigo para trás e abraçar o novo” Divulgação “Aos 50 anos, temos mais 30, 40, até 50 anos pela frente. Como ter uma vida melhor quando se vive tanto?”, pergunta Reiling, sugerindo que todos se concedam uma segunda chance para explorar interesses, desenvolver talentos e viver paixões que podem ter sido abandonados quando a pessoa estava focada em sua trajetória profissional. Ela toma emprestado o modelo de transição desenvolvido por William Bridges, composto por fim, zona neutra e novo começo. “Toda transição se inicia com um fim. É nessa zona neutra que vamos deixar o antigo para trás e abraçar o novo”, ensina. Realmente, a partir da meia-idade, não faltam “encerramentos”: a aposentadoria que remove o sobrenome corporativo e restringe o círculo profissional; o término de um casamento; a morte de pais e amigos; a atribuição de se tornar cuidador de um familiar. “Depois do sentimento de perda e luto, entramos numa zona neutra na qual a situação anterior não existe mais, mas ainda não estamos vivenciando o novo, ele não está operacional. É um momento crucial para realinharmos expectativas e planos. Pode ser um período fluido, de angústia, mas também é o canteiro de sementes do que está por vir”, explica a autora, que acrescenta: “recomeços são marcados pelo fluxo de energia numa nova direção”. A forma como lidamos com as circunstâncias é única. Paula Getz, uma das participantes do seminário, contou que, em 2024, enfrentou um divórcio em agosto, e a morte do irmão, em dezembro. “As pessoas à minha volta queriam me ‘consertar’, me falavam para superar as perdas, mas eu precisava viver o luto”, lembrou. Reiling afirma que há indivíduos que seguem em frente até abruptamente, sem querer pensar muito sobre o que aconteceu, negando ou minimizando a extensão do impacto. Há quem tenha um comportamento meio errático, com altos e baixos; e aqueles que se organizam e montam estratégias. “O importante é ter uma dose extra de autocompaixão”, diz. A coach aconselha que sejamos “cientistas de nós mesmos”. Como funciona? “Não se apresse, nem se deixe contaminar pela pressão dos outros. Na verdade, essa é a hora de impor limites e dar prioridade ao autocuidado. Às vezes leva tempo para acharmos a fórmula certa que nos serve”. No livro, indica os quatro pilares para iniciar uma nova fase: Intenção: crie uma visão do que pode ser sua próxima etapa, para ter uma direção. Criatividade: não permita que aquela “voz interna”, que está sempre nos julgando, barre o surgimento de ideias e possibilidades nunca antes imaginadas. Resiliência: desenvolva sua capacidade de manter o equilíbrio diante de condições adversas. Autocompaixão: é o centro, o coração de tudo – o bem-estar emocional é fundamental. Veja também: Ginástica para o cérebro: tarefas de memória, atenção e resolução de problemas melhoram a cognição em idosos Ginástica para o cérebro: tarefas de memória, atenção e resolução de problemas melhoram a cognição em idosos