RJ bate recorde histórico, com 1 caso de estelionato a cada 3,5 minutos em 2024; Povo de Israel lucrou milhões com golpes
Facção influencia 18 mil detentos em 13 unidades e, com celulares, aplica falsos sequestro e cobranças de taxas de dentro das cadeias. Facção "Povo de Israel" surgiu em 2004 tem se expandido
O estado do Rio de Janeiro bateu o recorde de estelionatos em 2024, no período de janeiro a setembro, de acordo com dados do Instituto de Segurança Pública (ISP).
Foram mais de 100 mil ocorrências em 9 meses, o maior número desde 2003 – quando o índice passou a ser monitorado.
Os dados do ISP mostram que foram 109.887 casos de estelionato registrados na polícia este ano, o equivalente a um golpe a cada 3,5 minutos e 25% de aumento em relação ao ano anterior. Dos registros da polícia, a maior parte foi na Região Metropolitana.
Parte desse aumento pode estar relacionado à facção Povo de Israel, uma quadrilha que se concentra dentro dos presídios e se dedica a golpes por telefone, como o crime de estelionato.
Os registros de extorsões ficaram em 2.367 nos primeiros nove meses do ano, contra 2.368 do ano passado.
A Polícia Civil do Rio cumpriu nesta terça (22) mandados contra o Povo de Israel, que movimentou quase R$ 70 milhões entre janeiro de 2022 e maio deste ano com golpes via celular.
São centenas de vítimas por dia, segundo as investigações da Delegacia de Antissequestro (DAS).
Os golpes são:
Falso sequestro: de dentro de uma cela, o preso liga para números aleatórios e finge ser um parente mantido refém por bandidos. Quando a vítima morde a isca, outro detento assume a chamada e passa a exigir um resgate.
Falsa taxa: os encarcerados ligam para estabelecimentos comerciais e se passam por traficantes da região. Falam que há dívidas e ameaçam o lojista com supostas retaliações.
Enquanto o crime de estelionato sofre uma escalada, o de sequestros relâmpagos também subiu consideravelmente. Foram 119 casos em 9 meses, um aumento de 40% em relação a 2023.
Segundo as investigações, o Povo de Israel (PVI) surgiu há 20 anos e hoje influencia 18 mil detentos em 13 unidades prisionais, chamadas de “aldeias”. Esse volume representa 42% do efetivo prisional.
O Povo de Israel foi fundado em 2004 por renegados por outras denominações — muitos são estupradores e pedófilos. De posse de celulares, que entram ilegalmente dentro dos presídios, eles criaram uma indústria de extorsões.
De acordo com a Polícia Civil, 1.663 pessoas físicas e 201 pessoas jurídicas foram utilizadas para fazer circular o dinheiro.
Nelson Hungria, a 'central da extorsão'
Ainda segundo as investigações da DAS, a base da facção é o Presídio Nelson Hungria, que fica dentro do Complexo Penitenciário de Gericinó, na Zona Oeste da cidade.
O Povo de Israel não tem relação com o Complexo de Israel, conjunto de favelas na Zona Norte do Rio dominado pelo Terceiro Comando Puro, a 2ª maior facção do tráfico do RJ, atrás apenas do Comando Vermelho.
Segundo a Polícia Civil, o inquérito mostra que há uma clara divisão de tarefas e funções dentro da organização. São chamados de “empresários” os presos responsáveis por obter o celular que será usado dentro da cadeia.
O apelido de “ladrão” é para aquele que faz as ligações para as vítimas, simulando vozes de parentes que estariam supostamente em poder da quadrilha. Tem também os “laranjas”, aliados fora das prisões que recebem o dinheiro obtido nos crimes.
Foi descoberto, por exemplo, que a quadrilha já tem ramificações no Espírito Santo e em São Paulo, com pessoas que recebem o dinheiro das extorsões em contas bancárias.
Onde o Povo de Israel está
Benjamin de Moraes Filho, Complexo de Gericinó
Cotrim Neto, Japeri
Crispim Ventino, Benfica
Evaristo de Moraes, São Cristóvão
Hélio Gomes, Magé
José Antônio da Costa Barros, Complexo de Gericinó
Juíza Patrícia Acioli, São Gonçalo
Luis Cesar Fernandes Bandeira Duarte, Resende
Milton Dias Moreira, Japeri
Nelson Hungria, Complexo de Gericinó
Plácido Sá Carvalho, Complexo de Gericinó
Romeiro Neto, Magé
Tiago Teles de Castro Domingues, São Gonçalo
Facção influencia 18 mil detentos em 13 unidades e, com celulares, aplica falsos sequestro e cobranças de taxas de dentro das cadeias. Facção "Povo de Israel" surgiu em 2004 tem se expandido
O estado do Rio de Janeiro bateu o recorde de estelionatos em 2024, no período de janeiro a setembro, de acordo com dados do Instituto de Segurança Pública (ISP).
Foram mais de 100 mil ocorrências em 9 meses, o maior número desde 2003 – quando o índice passou a ser monitorado.
Os dados do ISP mostram que foram 109.887 casos de estelionato registrados na polícia este ano, o equivalente a um golpe a cada 3,5 minutos e 25% de aumento em relação ao ano anterior. Dos registros da polícia, a maior parte foi na Região Metropolitana.
Parte desse aumento pode estar relacionado à facção Povo de Israel, uma quadrilha que se concentra dentro dos presídios e se dedica a golpes por telefone, como o crime de estelionato.
Os registros de extorsões ficaram em 2.367 nos primeiros nove meses do ano, contra 2.368 do ano passado.
A Polícia Civil do Rio cumpriu nesta terça (22) mandados contra o Povo de Israel, que movimentou quase R$ 70 milhões entre janeiro de 2022 e maio deste ano com golpes via celular.
São centenas de vítimas por dia, segundo as investigações da Delegacia de Antissequestro (DAS).
Os golpes são:
Falso sequestro: de dentro de uma cela, o preso liga para números aleatórios e finge ser um parente mantido refém por bandidos. Quando a vítima morde a isca, outro detento assume a chamada e passa a exigir um resgate.
Falsa taxa: os encarcerados ligam para estabelecimentos comerciais e se passam por traficantes da região. Falam que há dívidas e ameaçam o lojista com supostas retaliações.
Enquanto o crime de estelionato sofre uma escalada, o de sequestros relâmpagos também subiu consideravelmente. Foram 119 casos em 9 meses, um aumento de 40% em relação a 2023.
Segundo as investigações, o Povo de Israel (PVI) surgiu há 20 anos e hoje influencia 18 mil detentos em 13 unidades prisionais, chamadas de “aldeias”. Esse volume representa 42% do efetivo prisional.
O Povo de Israel foi fundado em 2004 por renegados por outras denominações — muitos são estupradores e pedófilos. De posse de celulares, que entram ilegalmente dentro dos presídios, eles criaram uma indústria de extorsões.
De acordo com a Polícia Civil, 1.663 pessoas físicas e 201 pessoas jurídicas foram utilizadas para fazer circular o dinheiro.
Nelson Hungria, a 'central da extorsão'
Ainda segundo as investigações da DAS, a base da facção é o Presídio Nelson Hungria, que fica dentro do Complexo Penitenciário de Gericinó, na Zona Oeste da cidade.
O Povo de Israel não tem relação com o Complexo de Israel, conjunto de favelas na Zona Norte do Rio dominado pelo Terceiro Comando Puro, a 2ª maior facção do tráfico do RJ, atrás apenas do Comando Vermelho.
Segundo a Polícia Civil, o inquérito mostra que há uma clara divisão de tarefas e funções dentro da organização. São chamados de “empresários” os presos responsáveis por obter o celular que será usado dentro da cadeia.
O apelido de “ladrão” é para aquele que faz as ligações para as vítimas, simulando vozes de parentes que estariam supostamente em poder da quadrilha. Tem também os “laranjas”, aliados fora das prisões que recebem o dinheiro obtido nos crimes.
Foi descoberto, por exemplo, que a quadrilha já tem ramificações no Espírito Santo e em São Paulo, com pessoas que recebem o dinheiro das extorsões em contas bancárias.
Onde o Povo de Israel está
Benjamin de Moraes Filho, Complexo de Gericinó
Cotrim Neto, Japeri
Crispim Ventino, Benfica
Evaristo de Moraes, São Cristóvão
Hélio Gomes, Magé
José Antônio da Costa Barros, Complexo de Gericinó
Juíza Patrícia Acioli, São Gonçalo
Luis Cesar Fernandes Bandeira Duarte, Resende
Milton Dias Moreira, Japeri
Nelson Hungria, Complexo de Gericinó
Plácido Sá Carvalho, Complexo de Gericinó
Romeiro Neto, Magé
Tiago Teles de Castro Domingues, São Gonçalo