'Vitória de Trump abala as placas tectônicas da geopolítica mundial', analisa Demétrio Magnoli; VÍDEO

Republicano deve reduzir apoio dos Estados Unidos à Ucrânia e abandonar narrativa de Biden sobre a criação de um Estado Palestino. Em relação à América Latina, comentarista da GloboNews não acredita em crise com a Venezuela diante do cenário atual. Demétrio: Vitória de Trump abala geopolítica mundial A vitória de Donald Trump nas eleições presidenciais dos Estados Unidos, nesta quarta-feira (6), promete causar fortes repercussões na geopolítica mundial. Para Demétrio Magnoli, comentarista da GloboNews, a vitória do republicano terá forte impacto nas relações internacionais. "A vitória de Trump abala as placas tectônicas da geopolítica mundial. Há tensão em todos os setores", analisa. ✅ Clique aqui para seguir o canal de notícias internacionais do g1 no WhatsApp Entre os maiores desafios internacionais que aguardam Trump em seu segundo mandato, está a relação com a China. Magnoli destaca que o embate com Pequim será intensificado, tanto no aspecto militar quanto no econômico e diplomático. “Trump é um isolacionista do tipo especial. A ideia de que a China é um inimigo estratégico dos Estados Unidos é uma ideia-chave para ele, assim como é para Joe Biden e os democratas, mas com muito mais intensidade na parte de Trump", disse. Conflitos Ao mesmo tempo, a vitória de Trump gerou preocupações entre as principais potências da Europa, especialmente de países que integram a União Europeia e o Reino Unido. A postura do presidente eleito em relação à Ucrânia também é um ponto crítico. "Tudo indica, em suas próprias palavras, que ele está pronto a entregar a Ucrânia a Vladimir Putin, cancelando ou reduzindo brutalmente a ajuda militar dos EUA ao governo ucraniano e impondo um acordo de paz que seria quase uma rendição", diz. A possibilidade de um recuo do apoio americano à Ucrânia, uma das maiores preocupações da política externa europeia, pode levar ao fortalecimento da ideia de uma Comunidade Europeia de Defesa, um movimento que já começa a ser discutido no continente para reduzir a dependência aos EUA. Na região do Oriente Médio, a vitória de Trump traz uma dinâmica distinta. O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, vê na vitória do republicano um fortalecimento do seu próprio governo. Para Magnoli, isso pode levar a um agravamento da crise no Oriente Médio. "A ideia de um Estado Palestino, que pelo menos era defendida retoricamente por Biden e Kamala Harris, não tem nenhum tipo de apoio de Donald Trump", afirma. Segundo o comentarista, a política de Trump em relação à Palestina, que no primeiro mandato priorizou um plano que favorecia a anexação de territórios palestinos por Israel, tende a continuar a acirrar os conflitos na região. LEIA TAMBÉM Trump diz que fechará fronteiras e promete virada nos EUA: 'Será a era de ouro da América' Kamala Harris defende transição pacífica: 'Lutar pela liberdade sempre vale a pena' Aborto, maconha, casamento gay: veja o que os americanos decidiram nas eleições Zelensky e Trump se reúnem na Trump Tower, em Nova York, em 27 de setembro de 2024 Shannon Stapleton/Reuters América Latina Por outro lado, em relação à América Latina, Magnoli observa que o governo Trump manterá uma postura pragmática. "O Itamaraty tem razão quando diz que Trump não liga para a América Latina, assim como Biden ligava muito pouco para a América Latina", disse. Ele também destacou que não acredita que Trump adotará uma política mais dura em relação à Venezuela, pois, na visão do presidente eleito, o petróleo barato é fundamental para manter sua popularidade interna. "Isso, junto com o quase desprezo do Trump e dos governos americanos pela América Latina, faz com que eu não veja uma crise com a Venezuela se aproximando nesse momento", completa Magnoli. Nicolás Maduro, presidente da Venezuela, pede para que população desinstale o WhatsApp Leonardo Fernandez Viloria/Reuters VÍDEOS: Eleições nos EUA

Nov 6, 2024 - 21:00
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'Vitória de Trump abala as placas tectônicas da geopolítica mundial', analisa Demétrio Magnoli; VÍDEO

Republicano deve reduzir apoio dos Estados Unidos à Ucrânia e abandonar narrativa de Biden sobre a criação de um Estado Palestino. Em relação à América Latina, comentarista da GloboNews não acredita em crise com a Venezuela diante do cenário atual. Demétrio: Vitória de Trump abala geopolítica mundial A vitória de Donald Trump nas eleições presidenciais dos Estados Unidos, nesta quarta-feira (6), promete causar fortes repercussões na geopolítica mundial. Para Demétrio Magnoli, comentarista da GloboNews, a vitória do republicano terá forte impacto nas relações internacionais. "A vitória de Trump abala as placas tectônicas da geopolítica mundial. Há tensão em todos os setores", analisa. ✅ Clique aqui para seguir o canal de notícias internacionais do g1 no WhatsApp Entre os maiores desafios internacionais que aguardam Trump em seu segundo mandato, está a relação com a China. Magnoli destaca que o embate com Pequim será intensificado, tanto no aspecto militar quanto no econômico e diplomático. “Trump é um isolacionista do tipo especial. A ideia de que a China é um inimigo estratégico dos Estados Unidos é uma ideia-chave para ele, assim como é para Joe Biden e os democratas, mas com muito mais intensidade na parte de Trump", disse. Conflitos Ao mesmo tempo, a vitória de Trump gerou preocupações entre as principais potências da Europa, especialmente de países que integram a União Europeia e o Reino Unido. A postura do presidente eleito em relação à Ucrânia também é um ponto crítico. "Tudo indica, em suas próprias palavras, que ele está pronto a entregar a Ucrânia a Vladimir Putin, cancelando ou reduzindo brutalmente a ajuda militar dos EUA ao governo ucraniano e impondo um acordo de paz que seria quase uma rendição", diz. A possibilidade de um recuo do apoio americano à Ucrânia, uma das maiores preocupações da política externa europeia, pode levar ao fortalecimento da ideia de uma Comunidade Europeia de Defesa, um movimento que já começa a ser discutido no continente para reduzir a dependência aos EUA. Na região do Oriente Médio, a vitória de Trump traz uma dinâmica distinta. O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, vê na vitória do republicano um fortalecimento do seu próprio governo. Para Magnoli, isso pode levar a um agravamento da crise no Oriente Médio. "A ideia de um Estado Palestino, que pelo menos era defendida retoricamente por Biden e Kamala Harris, não tem nenhum tipo de apoio de Donald Trump", afirma. Segundo o comentarista, a política de Trump em relação à Palestina, que no primeiro mandato priorizou um plano que favorecia a anexação de territórios palestinos por Israel, tende a continuar a acirrar os conflitos na região. LEIA TAMBÉM Trump diz que fechará fronteiras e promete virada nos EUA: 'Será a era de ouro da América' Kamala Harris defende transição pacífica: 'Lutar pela liberdade sempre vale a pena' Aborto, maconha, casamento gay: veja o que os americanos decidiram nas eleições Zelensky e Trump se reúnem na Trump Tower, em Nova York, em 27 de setembro de 2024 Shannon Stapleton/Reuters América Latina Por outro lado, em relação à América Latina, Magnoli observa que o governo Trump manterá uma postura pragmática. "O Itamaraty tem razão quando diz que Trump não liga para a América Latina, assim como Biden ligava muito pouco para a América Latina", disse. Ele também destacou que não acredita que Trump adotará uma política mais dura em relação à Venezuela, pois, na visão do presidente eleito, o petróleo barato é fundamental para manter sua popularidade interna. "Isso, junto com o quase desprezo do Trump e dos governos americanos pela América Latina, faz com que eu não veja uma crise com a Venezuela se aproximando nesse momento", completa Magnoli. Nicolás Maduro, presidente da Venezuela, pede para que população desinstale o WhatsApp Leonardo Fernandez Viloria/Reuters VÍDEOS: Eleições nos EUA