Corpo de estudante de medicina morto pela PM é velado em cemitério na Zona Sul de SP

Segundo informações do cemitério Gethsêmani Morumbi, a cerimônia teve início às 10h desta sexta-feira (22). O sepultamento está previsto para as 16h no mesmo local. Parentes seguram foto de Marco Aurélio em velório nesta sexta Reprodução/TV Globo O velório de Marco Aurélio Cardenas Acosta, estudante de medicina morto pela Polícia Militar com um tiro à queima-roupa, teve início por volta das 10h desta sexta-feira (22) no Cemitério Gethsêmani Morumbi, na Zona Sul de São Paulo. De acordo com informações do cemitério, o sepultamento está previsto esta tarde, às 16h, no mesmo local. ✅ Clique aqui para se inscrever no canal do g1 SP no WhatsApp Ao chegar no cemitério, a família pediu Justiça pela morte dele. “Eu peço só que seja feita a justiça, que os responsáveis tenham a condenação que mereçam ter”, disse o irmão, Frank, com a voz embargada. Irmão do estudante de medicina morto pela PM chega ao velório Reprodução/TV Globo Emocionado, ele lamentou a morte de Marco: "Meu irmão foi embora, ele não vai mais voltar, ele não vai mais voltar para casa”, disse. “Eu não vou ter mais o meu melhor amigo do meu lado". O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, em sua primeira manifestação pública após ser cobrado pela família do estudante de medicina morto por um policial militar, disse que "abusos nunca vão ser tolerados e serão severamente punidos". No velório, o pai do estudante também cobrou ação por parte do estado. "talvez a culpa em parte foi minha porque assim criei a minha família", afirmou. "Ele era um anjo travesso”. Pai de Marco Aurélio chega emocionado ao enterro do filho Reprodução/TV Globo Irmão de Marco Aurélio emocionado no velório do estudante Reprodução/TV Globo Como foi a morte Câmeras de segurança flagraram o momento em que Marco Aurélio foi morto, em um hotel na Vila Mariana, na quarta-feira (20). Os PMs Guilherme Augusto Macedo e Bruno Carvalho do Prado, envolvidos na ocorrência, foram afastados de suas funções até o final das investigações. O policial que fez o disparo foi indiciado por homicídio e as imagens das câmeras corporais usadas pelos PMs vão ser analisadas. A mulher que estava hospedada com o estudante e mantinha uma relação de dois anos com ele disse, em entrevista à TV Globo, que a ação da PM demonstrou "falta de preparo" dos agentes. "Foi totalmente desqualificado", afirmou. Ela afirmou ter medo de sofrer retaliações e, por isso, não será identificada nesta reportagem. Novas imagens de câmera de segurança mostram o momento em que o estudante passa na rua ao lado de uma viatura da Polícia Militar, bate no retrovisor do veículo e foge ao ser perseguido. Isso aconteceu minutos antes de ele correr para um hotel onde estava hospedado e levar um tiro à queima-roupa de um dos policiais. Veja momentos antes da morte de estudante de medicina Na quarta, Marco Aurélio alugou, por cerca de uma hora, um quarto no Hotel Flor da Vila Mariana, localizado na Rua Cubatão. Para cobrar uma dívida de cerca de R$ 20 mil, a mulher que estava com ele conta à polícia que aceitou ir ao local, onde recebeu R$ 250. Conforme o depoimento, eles começaram a discutir e, em determinado momento, o estudante de medicina teria a agredido na cabeça. Em seguida, o recepcionista do hotel ligou para perguntar o que havia acontecido. Segundo a mulher, Marco Aurélio atendeu e disse que estava tudo bem, mas ela respondeu que não estava nada bem e queria sair dali. O recepcionista, então, ligou para a Polícia Militar, e a jovem fugiu do quarto. Ela se escondeu em outro cômodo do hotel e conseguiu ouvir parte da interação entre o estudante de medicina e os policiais militares — que questionaram o motivo pelo qual ele bateu na viatura. Posteriormente, ela ainda ouviu o barulho de um tiro. Após ser baleado, a mulher acompanhou Marco Aurélio até o Hospital Ipiranga. Ele teve duas paradas cardiorrespiratórias e passou por uma cirurgia. Contudo, ele não resistiu aos ferimentos e morreu por volta das 6h40. PM mata estudante de medicina com tiro à queima-roupa na Vila Mariana, Zona Sul de SP Câmera de segurança Uma câmera de segurança do hotel registrou o momento que o estudante é assassinado às 2h49 (veja acima). Um dos agentes tentou puxar Marco Aurélio pelo braço, enquanto o outro o chutou. Em seguida, o estudante segurou a perna do policial, que caiu no chão. Durante a confusão, o PM Guilherme atirou na altura do peito do estudante. No boletim de ocorrência, os policiais alegaram que o jovem teria tentado pegar a arma de Bruno. O caso foi registrado no Departamento Estadual de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP) como morte decorrente de intervenção policial e resistência. Estudante de medicina é morto pela PM na Vila Mariana Reprodução Quem era o estudante? Marco Aurélio Cardenas Acosta, estudante de medicina morto pela PM em SP Reprodução/Instagram O jovem estava no quinto ano do curso de medicina na Universidade Anhembi Morumbi. Ele era o filho caçula de um casal de médicos peruanos naturalizados brasileiros

Nov 22, 2024 - 12:30
 0  1
Corpo de estudante de medicina morto pela PM é velado em cemitério na Zona Sul de SP

Segundo informações do cemitério Gethsêmani Morumbi, a cerimônia teve início às 10h desta sexta-feira (22). O sepultamento está previsto para as 16h no mesmo local. Parentes seguram foto de Marco Aurélio em velório nesta sexta Reprodução/TV Globo O velório de Marco Aurélio Cardenas Acosta, estudante de medicina morto pela Polícia Militar com um tiro à queima-roupa, teve início por volta das 10h desta sexta-feira (22) no Cemitério Gethsêmani Morumbi, na Zona Sul de São Paulo. De acordo com informações do cemitério, o sepultamento está previsto esta tarde, às 16h, no mesmo local. ✅ Clique aqui para se inscrever no canal do g1 SP no WhatsApp Ao chegar no cemitério, a família pediu Justiça pela morte dele. “Eu peço só que seja feita a justiça, que os responsáveis tenham a condenação que mereçam ter”, disse o irmão, Frank, com a voz embargada. Irmão do estudante de medicina morto pela PM chega ao velório Reprodução/TV Globo Emocionado, ele lamentou a morte de Marco: "Meu irmão foi embora, ele não vai mais voltar, ele não vai mais voltar para casa”, disse. “Eu não vou ter mais o meu melhor amigo do meu lado". O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, em sua primeira manifestação pública após ser cobrado pela família do estudante de medicina morto por um policial militar, disse que "abusos nunca vão ser tolerados e serão severamente punidos". No velório, o pai do estudante também cobrou ação por parte do estado. "talvez a culpa em parte foi minha porque assim criei a minha família", afirmou. "Ele era um anjo travesso”. Pai de Marco Aurélio chega emocionado ao enterro do filho Reprodução/TV Globo Irmão de Marco Aurélio emocionado no velório do estudante Reprodução/TV Globo Como foi a morte Câmeras de segurança flagraram o momento em que Marco Aurélio foi morto, em um hotel na Vila Mariana, na quarta-feira (20). Os PMs Guilherme Augusto Macedo e Bruno Carvalho do Prado, envolvidos na ocorrência, foram afastados de suas funções até o final das investigações. O policial que fez o disparo foi indiciado por homicídio e as imagens das câmeras corporais usadas pelos PMs vão ser analisadas. A mulher que estava hospedada com o estudante e mantinha uma relação de dois anos com ele disse, em entrevista à TV Globo, que a ação da PM demonstrou "falta de preparo" dos agentes. "Foi totalmente desqualificado", afirmou. Ela afirmou ter medo de sofrer retaliações e, por isso, não será identificada nesta reportagem. Novas imagens de câmera de segurança mostram o momento em que o estudante passa na rua ao lado de uma viatura da Polícia Militar, bate no retrovisor do veículo e foge ao ser perseguido. Isso aconteceu minutos antes de ele correr para um hotel onde estava hospedado e levar um tiro à queima-roupa de um dos policiais. Veja momentos antes da morte de estudante de medicina Na quarta, Marco Aurélio alugou, por cerca de uma hora, um quarto no Hotel Flor da Vila Mariana, localizado na Rua Cubatão. Para cobrar uma dívida de cerca de R$ 20 mil, a mulher que estava com ele conta à polícia que aceitou ir ao local, onde recebeu R$ 250. Conforme o depoimento, eles começaram a discutir e, em determinado momento, o estudante de medicina teria a agredido na cabeça. Em seguida, o recepcionista do hotel ligou para perguntar o que havia acontecido. Segundo a mulher, Marco Aurélio atendeu e disse que estava tudo bem, mas ela respondeu que não estava nada bem e queria sair dali. O recepcionista, então, ligou para a Polícia Militar, e a jovem fugiu do quarto. Ela se escondeu em outro cômodo do hotel e conseguiu ouvir parte da interação entre o estudante de medicina e os policiais militares — que questionaram o motivo pelo qual ele bateu na viatura. Posteriormente, ela ainda ouviu o barulho de um tiro. Após ser baleado, a mulher acompanhou Marco Aurélio até o Hospital Ipiranga. Ele teve duas paradas cardiorrespiratórias e passou por uma cirurgia. Contudo, ele não resistiu aos ferimentos e morreu por volta das 6h40. PM mata estudante de medicina com tiro à queima-roupa na Vila Mariana, Zona Sul de SP Câmera de segurança Uma câmera de segurança do hotel registrou o momento que o estudante é assassinado às 2h49 (veja acima). Um dos agentes tentou puxar Marco Aurélio pelo braço, enquanto o outro o chutou. Em seguida, o estudante segurou a perna do policial, que caiu no chão. Durante a confusão, o PM Guilherme atirou na altura do peito do estudante. No boletim de ocorrência, os policiais alegaram que o jovem teria tentado pegar a arma de Bruno. O caso foi registrado no Departamento Estadual de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP) como morte decorrente de intervenção policial e resistência. Estudante de medicina é morto pela PM na Vila Mariana Reprodução Quem era o estudante? Marco Aurélio Cardenas Acosta, estudante de medicina morto pela PM em SP Reprodução/Instagram O jovem estava no quinto ano do curso de medicina na Universidade Anhembi Morumbi. Ele era o filho caçula de um casal de médicos peruanos naturalizados brasileiros que se mudou para cá há mais de duas décadas. Segundo a mãe, a intensivista Silvia Mônica, o rapaz nasceu prematuramente e, da mesma forma, concluiu o ensino médio com apenas 15 anos. A família conta que ele chegou a ser aprovado no vestibular para cursar direito, mas escolheu seguir o mesmo caminho dos pais e do irmão Frank, na medicina. "Ele era um bom irmão, um bom filho, uma pessoa muito querida", descreveu Frank Cardenas. Às lágrimas, a mãe usou os termos "generoso" e "amoroso" para descrever o caçula. "Era meu filho mais amado, nasceu com 1,3 kg, quando eu já estava velha", contou. Marco era atleta do time de futebol do curso de medicina. Nas redes sociais, a faculdade publicou mensagem de condolências. "Neste momento de imensa dor, nos solidarizamos com seus familiares, companheiros de time e colegas, que perderam não apenas um companheiro de jornada, mas também um amigo. Que sua memória seja sempre lembrada com carinho e que sua trajetória inspire todos nós." Estudante de Medicina Marco Aurélio e o pai Reprodução/Arquivo pessoal O que diz a SSP "As polícias Civil e Militar apuram as circunstâncias da morte de um homem de 22 anos, ocorrida na madrugada desta quarta-feira (20), na Vila Mariana, na capital paulista. Os policiais envolvidos na ocorrência prestaram depoimento, foram indiciados em inquérito e permanecerão afastados das atividades operacionais até a conclusão das apurações. Na ocasião, o jovem golpeou a viatura policial e tentou fugir. Ao ser abordado, ele investiu contra os policiais, sendo ferido. O rapaz foi prontamente socorrido ao hospital Ipiranga, mas não resistiu ao ferimento. A arma do policial responsável pelo disparo foi apreendida e encaminhada à perícia. As imagens registradas pelas câmeras corporais (COPs) serão anexadas aos inquéritos conduzidos pela Corregedoria da Polícia Militar e pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP)." *Sob supervisão de Fernanda Calgaro