Major aposentada nos EUA que abriu loja de cookies no Brasil participou de ações contra Talibã e Estado Islâmico
A brasileira Mariela Frey se aposentou após cair de um helicóptero, de uma altura de 24 metros, durante uma missão na África do Sul. Ela abriu uma loja de cookies americanos em Santos (SP). Mariela trabalhava com resgate em diversos países, como Iraque e Síria Arquivo pessoal Mariela Frey, a brasileira de 45 anos que se aposentou como major do Corpo de Fuzileiros Navais dos Estados Unidos e abriu uma loja de cookies em Santos (SP), participou de diversas ações de combate durante a carreira militar. Ao g1, ela contou histórias sobre quando enfrentou o Estado Islâmico (EI) e a organização fundamentalista Talibã. ✅ Clique aqui para seguir o novo canal do g1 Santos no WhatsApp. Mariela nasceu em Porto Velho, em Rondônia. Em 1997, mudou-se para os Estados Unidos e conquistou um lugar como fuzileira após 13 semanas de treinamento intenso nas águas e na floresta. Graduou-se com honras e criou uma família no país. Ela tem cinco filhos, de 24, 19, 16, 11 e 8 anos. Em setembro do ano passado, a brasileira caiu de um helicóptero, de uma altura de 24 metros, durante uma missão na África do Sul. Meses depois, escolheu Santos para o recomeço como empreendedora, com o objetivo de mostrar um pouco da cultura estadunidense em forma de doces. "Voltei porque, apesar dos desafios, acredito no potencial do Brasil e no espírito resiliente do povo brasileiro. Aqui, sinto que posso fazer uma diferença real, trazer algo novo, compartilhar experiências e criar laços que vão além de fronteiras e nacionalidades", contou. Mariela disse que frequentemente é questionada sobre a decisão de voltar. Apesar disso, ela afirmou que a escolha vai muito além de uma "análise fria sobre segurança ou dinheiro". Mariela Frey começou a servir em 2002 e se aposentou por questões de saúde Arquivo pessoal e Redes sociais Histórico na guerra Assim que assumiu um posto como militar, no fim de 2003, Mariela foi enviada para a Guerra do Iraque. Em 2004, ela estava na linha de frente, passando por cidades como Faluja, Ramadi e a capital Bagdá, onde enfrentou batalhas de "contrainsurgência" [ação militar ou política contra atividades de guerrilheiros]. Depois do Iraque, a brasileira foi enviada para o Afeganistão. Ela contou que, quando chegou ao local, a guerra estava em estágio avançado. "Passei por lugares como Helmande e Candaar, combatendo o Talibã e tentando estabilizar regiões sob constante ameaça", lembrou. Em 2011, após quatro anos se arriscando em missões, Mariela participou de operações da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) na Guerra Civil da Líbia, com destaque em cidades como Bengasi e Trípoli. "Nossa missão era apoiar ataques aéreos e realizar operações de reconhecimento para ajudar a coalizão a derrubar o regime de Muammar Gaddafi [líder morto em outubro daquele ano]", afirmou Mariela. Mariela (de calça branca) com colegas militares nos Estados Unidos Arquivo pessoal Ainda em 2011, a mulher foi enviada à costa da Somália, onde se envolveu nas Operações Antipirataria no Golfo de Áden. À época, ela participou de uma coalizão multinacional de combate à prática e garantia de segurança das rotas marítimas. A missão mudou mais uma vez e, em 2014, ela ajudou a combater o Estado Islâmico no Iraque e na Síria pela Operação Inherent Resolve. Por dois anos, participou de ações para recuperar territórios e apoiar as forças locais em cidades como Mossul e Raqqa. A brasileira disse também que, entre 2015 e 2017, foi chamada para servir na Guerra Civil do Iémen. Ela e a equipe apoiavam as forças iemenitas em áreas como Saná e Áden, treinando e ajudando a combater os insurgentes Houthi. O que ela fazia? Após um tempo como tradutora, Mariela virou comandante da equipe que operava no helicóptero MH-60S Seahawk (Knighthawk), coordenando as missões de busca e salvamento em áreas marítimas e de combate. Ela explicou que o helicóptero é equipado, especialmente, para resgates aquáticos com recursos para a retirada de pessoas do mar. A aeronave opera a partir de porta-aviões, navios anfíbios e bases em terra. "Trabalhar neste helicóptero exigia extrema atenção e habilidade, pois cada resgate envolvia riscos e um alto nível de responsabilidade", afirmou. Segundo a brasileira, o papel dela incluía garantir que o guincho, os dispositivos de flutuação e o equipamento médico estivessem em pleno funcionamento. Além disso, deveria liberar a equipe durante as missões para garantir a segurança e a eficácia. ‘Impacto brutal’ Cookies feitos por Mariela e os filhos em Santos (à dir.) Arquivo pessoal e redes sociais Em 2018, Mariela participou de operações de contraterrorismo em locais como Mali e Níger, na África, onde o objetivo era conter o avanço de grupos extremistas. Tudo mudou em setembro de 2023, quando ela caiu do helicóptero no mar durante uma missão na África do Sul. A brasileira recordou que a queda foi como um "impacto brutal". A pancada a deixou com uma concussão e ela ficou sem ar, com o corpo em choque. No entanto, lutou para se
A brasileira Mariela Frey se aposentou após cair de um helicóptero, de uma altura de 24 metros, durante uma missão na África do Sul. Ela abriu uma loja de cookies americanos em Santos (SP). Mariela trabalhava com resgate em diversos países, como Iraque e Síria Arquivo pessoal Mariela Frey, a brasileira de 45 anos que se aposentou como major do Corpo de Fuzileiros Navais dos Estados Unidos e abriu uma loja de cookies em Santos (SP), participou de diversas ações de combate durante a carreira militar. Ao g1, ela contou histórias sobre quando enfrentou o Estado Islâmico (EI) e a organização fundamentalista Talibã. ✅ Clique aqui para seguir o novo canal do g1 Santos no WhatsApp. Mariela nasceu em Porto Velho, em Rondônia. Em 1997, mudou-se para os Estados Unidos e conquistou um lugar como fuzileira após 13 semanas de treinamento intenso nas águas e na floresta. Graduou-se com honras e criou uma família no país. Ela tem cinco filhos, de 24, 19, 16, 11 e 8 anos. Em setembro do ano passado, a brasileira caiu de um helicóptero, de uma altura de 24 metros, durante uma missão na África do Sul. Meses depois, escolheu Santos para o recomeço como empreendedora, com o objetivo de mostrar um pouco da cultura estadunidense em forma de doces. "Voltei porque, apesar dos desafios, acredito no potencial do Brasil e no espírito resiliente do povo brasileiro. Aqui, sinto que posso fazer uma diferença real, trazer algo novo, compartilhar experiências e criar laços que vão além de fronteiras e nacionalidades", contou. Mariela disse que frequentemente é questionada sobre a decisão de voltar. Apesar disso, ela afirmou que a escolha vai muito além de uma "análise fria sobre segurança ou dinheiro". Mariela Frey começou a servir em 2002 e se aposentou por questões de saúde Arquivo pessoal e Redes sociais Histórico na guerra Assim que assumiu um posto como militar, no fim de 2003, Mariela foi enviada para a Guerra do Iraque. Em 2004, ela estava na linha de frente, passando por cidades como Faluja, Ramadi e a capital Bagdá, onde enfrentou batalhas de "contrainsurgência" [ação militar ou política contra atividades de guerrilheiros]. Depois do Iraque, a brasileira foi enviada para o Afeganistão. Ela contou que, quando chegou ao local, a guerra estava em estágio avançado. "Passei por lugares como Helmande e Candaar, combatendo o Talibã e tentando estabilizar regiões sob constante ameaça", lembrou. Em 2011, após quatro anos se arriscando em missões, Mariela participou de operações da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) na Guerra Civil da Líbia, com destaque em cidades como Bengasi e Trípoli. "Nossa missão era apoiar ataques aéreos e realizar operações de reconhecimento para ajudar a coalizão a derrubar o regime de Muammar Gaddafi [líder morto em outubro daquele ano]", afirmou Mariela. Mariela (de calça branca) com colegas militares nos Estados Unidos Arquivo pessoal Ainda em 2011, a mulher foi enviada à costa da Somália, onde se envolveu nas Operações Antipirataria no Golfo de Áden. À época, ela participou de uma coalizão multinacional de combate à prática e garantia de segurança das rotas marítimas. A missão mudou mais uma vez e, em 2014, ela ajudou a combater o Estado Islâmico no Iraque e na Síria pela Operação Inherent Resolve. Por dois anos, participou de ações para recuperar territórios e apoiar as forças locais em cidades como Mossul e Raqqa. A brasileira disse também que, entre 2015 e 2017, foi chamada para servir na Guerra Civil do Iémen. Ela e a equipe apoiavam as forças iemenitas em áreas como Saná e Áden, treinando e ajudando a combater os insurgentes Houthi. O que ela fazia? Após um tempo como tradutora, Mariela virou comandante da equipe que operava no helicóptero MH-60S Seahawk (Knighthawk), coordenando as missões de busca e salvamento em áreas marítimas e de combate. Ela explicou que o helicóptero é equipado, especialmente, para resgates aquáticos com recursos para a retirada de pessoas do mar. A aeronave opera a partir de porta-aviões, navios anfíbios e bases em terra. "Trabalhar neste helicóptero exigia extrema atenção e habilidade, pois cada resgate envolvia riscos e um alto nível de responsabilidade", afirmou. Segundo a brasileira, o papel dela incluía garantir que o guincho, os dispositivos de flutuação e o equipamento médico estivessem em pleno funcionamento. Além disso, deveria liberar a equipe durante as missões para garantir a segurança e a eficácia. ‘Impacto brutal’ Cookies feitos por Mariela e os filhos em Santos (à dir.) Arquivo pessoal e redes sociais Em 2018, Mariela participou de operações de contraterrorismo em locais como Mali e Níger, na África, onde o objetivo era conter o avanço de grupos extremistas. Tudo mudou em setembro de 2023, quando ela caiu do helicóptero no mar durante uma missão na África do Sul. A brasileira recordou que a queda foi como um "impacto brutal". A pancada a deixou com uma concussão e ela ficou sem ar, com o corpo em choque. No entanto, lutou para se orientar e manter a calma. Graças ao treinamento que recebeu, resistiu até que os colegas a colocassem de volta no helicóptero. “Fui levada para o Hospital Groote Schuur, na Cidade do Cabo, onde me recuperei. Depois dessa experiência intensa, percebi que era hora de fechar esse capítulo. Em março de 2024, decidi me aposentar, levando comigo todas as lições e a resiliência que esses anos me deram”, afirmou. Segundo Mariela, cada uma dessas experiências serviu para moldá-la e deixar "marcas profundas". Dar valor à vida Filha mais velha (à esq.) seguiu os passos da mãe se tornou militar; filha mais nova (à dir.) de Mariela Arquivo pessoal Desde que tomou a decisão de voltar para o Brasil em definitivo, em dezembro do ano passado, Mariela visitou cidades como Rio de Janeiro, Curitiba e Santa Catarina para identificar onde se sentiria bem. No entanto, foi Santos que chamou a atenção dela. A decisão de abrir uma loja de cookies foi tomada há aproximadamente seis meses. De acordo com Mariela, a intenção era criar "algo novo", que não era visto no local. Com ajuda dos filhos e o acolhimento da comunidade, ela se reinventou, agora na cozinha e no balcão da própria loja. "Quando as pessoas vêm aqui conversar e ficam sabendo da minha vida, conto a minha história e ficam chocadas [...]. Passar essa experiência para eles, do que eu passei por lá, é dar mais valor à vida, dar mais valor à família. O dia a dia, as coisas que a gente deixa de lado, que são muito importantes”, concluiu. VÍDEOS: g1 em 1 Minuto Santos E