Trump assina decreto para desmantelar Departamento de Educação dos Estados Unidos, criado há mais de 40 anos

Fechar um departamento – que nos EUA é o equivalente a um ministério no Brasil - não depende só do presidente americano; precisa de aprovação do Congresso. Donald Trump assinou um decreto para desmantelar o Departamento de Educação dos Estados Unidos, criado há mais de 40 anos. Era uma promessa de campanha: acabar com o Departamento de Educação. Trump dizia que custa muito dinheiro manter a instituição e já declarou que ela era usada para transmitir “ideologias radicais” aos estudantes americanos. O presidente nomeou Linda McMahon – uma empresária que fez sucesso com uma franquia de luta livre – para chefiar o departamento. Na quinta-feira (19), Trump assinou a ordem executiva que manda McMahon tomar todas as medidas possíveis dentro da lei para fechar a instituição. O presidente sancionou o decreto ao lado de crianças sentadas em cadeiras – como em uma sala de aula. “Vamos fechar esse departamento o mais rápido possível. Não está servindo para nada", anunciou. Trump assina decreto para desmantelar Departamento de Educação dos Estados Unidos, criado há mais de 40 anos Jornal Nacional/ Reprodução Fechar um departamento – que nos Estados Unidos é o equivalente a um ministério no Brasil - não depende só do presidente americano; precisa de aprovação do Congresso. Mas a medida assinada por Trump, na prática, inviabiliza a existência do Departamento de Educação. O desmonte começou na semana passada, com a demissão de quase metade dos funcionários. Trump afirma que é preciso devolver a educação para o controle das autoridades estaduais. Mas elas já têm autonomia sobre o ensino. Diferentemente do Brasil, nos Estados Unidos, o governo federal não estabelece um currículo comum a todo o país. Essa atribuição cabe aos governos locais. Trump assina decreto para desmantelar Departamento de Educação dos Estados Unidos, criado há mais de 40 anos Jornal Nacional/ Reprodução O Departamento de Educação administra e repassa recursos para garantir igualdade no acesso ao ensino. Ele libera verba, por exemplo, para escolas em regiões mais pobres. A agência também é a principal provedora de auxílio para universitários e administra US$ 1,6 trilhão em empréstimos estudantis. Além disso, supervisiona o cumprimento de leis federais. Em entrevista ao Jornal Nacional, o professor de ciência política e educação da Universidade de Colúmbia Jonathan Collins diz que esta é uma preocupação: “Por exemplo, se um aluno sofria algum tipo de discriminação racial em uma escola, o departamento poderia ser acionado e iniciar uma investigação. Agora, temos dúvidas sérias se isso vai acontecer”, explicou. Trump assina decreto para desmantelar Departamento de Educação dos Estados Unidos, criado há mais de 40 anos Jornal Nacional/ Reprodução Outra incerteza é sobre a continuidade de programas para estudantes com deficiência. Trump afirmou que vai entregar iniciativas de alimentação estudantil e empréstimos para outras agências do governo. Uma mãe, que participa de uma organização que ajuda alunos de baixa renda, teme que o fim do financiamento federal do departamento aumente a desigualdade: “Quem tem mais recursos vai colocar seus filhos em escolas com mais dinheiro. Mas e aqueles que não têm a mesma condição?”, questiona. LEIA TAMBÉM Trump oficializa desmonte do Departamento de Educação; Senado precisa aprovar fechamento, e presidente não tem apoio suficiente Autoridades dos EUA propõem plano para reformular ajuda externa e sugerem novo nome para a USAID

Mar 21, 2025 - 21:30
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Trump assina decreto para desmantelar Departamento de Educação dos Estados Unidos, criado há mais de 40 anos

Fechar um departamento – que nos EUA é o equivalente a um ministério no Brasil - não depende só do presidente americano; precisa de aprovação do Congresso. Donald Trump assinou um decreto para desmantelar o Departamento de Educação dos Estados Unidos, criado há mais de 40 anos. Era uma promessa de campanha: acabar com o Departamento de Educação. Trump dizia que custa muito dinheiro manter a instituição e já declarou que ela era usada para transmitir “ideologias radicais” aos estudantes americanos. O presidente nomeou Linda McMahon – uma empresária que fez sucesso com uma franquia de luta livre – para chefiar o departamento. Na quinta-feira (19), Trump assinou a ordem executiva que manda McMahon tomar todas as medidas possíveis dentro da lei para fechar a instituição. O presidente sancionou o decreto ao lado de crianças sentadas em cadeiras – como em uma sala de aula. “Vamos fechar esse departamento o mais rápido possível. Não está servindo para nada", anunciou. Trump assina decreto para desmantelar Departamento de Educação dos Estados Unidos, criado há mais de 40 anos Jornal Nacional/ Reprodução Fechar um departamento – que nos Estados Unidos é o equivalente a um ministério no Brasil - não depende só do presidente americano; precisa de aprovação do Congresso. Mas a medida assinada por Trump, na prática, inviabiliza a existência do Departamento de Educação. O desmonte começou na semana passada, com a demissão de quase metade dos funcionários. Trump afirma que é preciso devolver a educação para o controle das autoridades estaduais. Mas elas já têm autonomia sobre o ensino. Diferentemente do Brasil, nos Estados Unidos, o governo federal não estabelece um currículo comum a todo o país. Essa atribuição cabe aos governos locais. Trump assina decreto para desmantelar Departamento de Educação dos Estados Unidos, criado há mais de 40 anos Jornal Nacional/ Reprodução O Departamento de Educação administra e repassa recursos para garantir igualdade no acesso ao ensino. Ele libera verba, por exemplo, para escolas em regiões mais pobres. A agência também é a principal provedora de auxílio para universitários e administra US$ 1,6 trilhão em empréstimos estudantis. Além disso, supervisiona o cumprimento de leis federais. Em entrevista ao Jornal Nacional, o professor de ciência política e educação da Universidade de Colúmbia Jonathan Collins diz que esta é uma preocupação: “Por exemplo, se um aluno sofria algum tipo de discriminação racial em uma escola, o departamento poderia ser acionado e iniciar uma investigação. Agora, temos dúvidas sérias se isso vai acontecer”, explicou. Trump assina decreto para desmantelar Departamento de Educação dos Estados Unidos, criado há mais de 40 anos Jornal Nacional/ Reprodução Outra incerteza é sobre a continuidade de programas para estudantes com deficiência. Trump afirmou que vai entregar iniciativas de alimentação estudantil e empréstimos para outras agências do governo. Uma mãe, que participa de uma organização que ajuda alunos de baixa renda, teme que o fim do financiamento federal do departamento aumente a desigualdade: “Quem tem mais recursos vai colocar seus filhos em escolas com mais dinheiro. Mas e aqueles que não têm a mesma condição?”, questiona. LEIA TAMBÉM Trump oficializa desmonte do Departamento de Educação; Senado precisa aprovar fechamento, e presidente não tem apoio suficiente Autoridades dos EUA propõem plano para reformular ajuda externa e sugerem novo nome para a USAID